6 de outubro de 2012






Traz um pouco de vento
Sopra tuas ondas de sentimentos
Na extensão do meu interior





Se tivesse que te abraçar
Seria naquele momento
Em que o dia se despede
E a noite chega

Seria um abraço
De chegada e de partida
Um aconchegante abraço
Com cheiro de permanência
E cor de eternidade

Matizes de vontade
Nuances de saudade
Seria um abraço
Da longa espera
Enlaçado de emoção






Nem disse sim, nem disse não
Deixou a imaginação solta
Feito pipas em ventos de agosto






No teu silêncio, tudo dorme
As palavras, a alegria, a luz
No teu silêncio, a maciez do nada
Arranha a pele desnuda
No teu silêncio, silente e forte
Arrumo ruídos





Acordei
Um quê de apaixonada
Um pouco enamorada
Algo sem definição
Um sentimento passageiro
De um dia
Que não requer entendimento
Nem explicação
Talvez seja porque está nublado





Solta a tua poesia ao vento. Solta.
Chegou a primavera.
Os teus ventos-poesias.
Vão arrancar flores dos meus galhos.
A terra está úmida do perfume de jasmim.

Solta, sopra teus ventos.
A primavera vai florir cachos de poesia.
O meu mundo vai virar jardim.





Amor sonhado era para ser vivido
Nem que fosse por um dia
Por uma hora que seja
O tempo suficiente para fazer do sonho a realidade
E a realidade inesquecível
Amor sonhado era para ser vivido
Acordado, bem acordado
Sem interrupções
Sem despertar repentino
Sem pudores desnecessários
Amor sonhado era para ser sentido







No meu olhar
Orbita
O teu sol.riso







Preciso do teu oceano 
Para inundar meu mar
Amar em mim. 
Há mar em mim 
Ah! Mar.





Quero te fazer um cafuné
Te fazer feliz
Ou algo assim
Um bem-estar, um sorriso
Um banho de mar
Um mergulho no teu olhar
Uma música cantada assim
Na tua pele
Nos teus cabelos
Dedilhada com as pontas dos dedos
Um colo, um beijo no queixo
Um cheiro
Um cafuné, um cafuné...









...eu fechava os olhos para ouvir
deixei de ver
...eu olhava atentamente
deixei de ouvir
...eu abracei, estava nervosa
deixei de sentir
Ah, eu vou vivendo
Assim, com sentidos me escapando...








Ah!, meu coração dança
Numa leveza de valsa
Ele escuta uma música
Que a razão desafina

25 de junho de 2011

Escrever

Escrever
É o descompasso da mente
Entre o querer e o poder
Entre o ter e o ser
É o pulsar do corpo chamando
É o poder da mente controlando
É o não dito sendo dito
É a volúpia do corpo se derretendo em palavras que ardem
Inspiram, suspiram, transpiram
A solidão buscando companhia
A tristeza indo ao encontro da alegria

Escrever
É o caminho que a mente encontra para libertar o incontrolável
Confessar o inconfessável
Manter a loucura lúcida
Enquadrar as desmedidas ânsias
Aliviar a pressão do que não quer e não pode calar
São metáforas ajudando a mascarar a beleza da emoção

Escrever
É dizer o que pulsa, vibra
Queima, arde
E muitas vezes não está sendo vivido

Escrever
É soltar de nós mesmos o que não nos cabe
O que explode em mil pedaços a alma
É alinhar o céu e o mar
A terra e a lua
O desejo e a razão
O mistério
São nossos extremos
São enxurradas de sentimentos
Pedindo para seguir o curso da vida





09.08.2009

No chão do cemitério Morada da Paz
Esta flor me lembra a casa da minha avó materna

22 de junho de 2010

Silêncio ofertado

Peguei o silêncio
Passei na pele
Feito uma argila medicinal

Deixei penetrar nos poros
Para sentir o verdadeiro efeito
Esperei o milagre

O silêncio ressecou aos poucos
As lágrimas, os olhos, a boca
Uma só palavra não saia da alma

Esse silêncio ofertado
Não era medicinal
Não trazia o entendimento
Nem curava a saudade

17 de junho de 2010

Procura-se

Um indivíduo que atende pelo nome de ciúme
Armou-se da desconfiança
Apunhalou o amor

O amor não morreu
Ficou agonizando na tristeza e na dor
Tentou recuperar-se com doses de carinho e ternura
Até que o ciúme voltou
E com toda a ira da insegurança
Pisoteou o amor que tentava se curar
Lágrimas escorreram
O amor não sobreviveu
Faleceu no leito do silêncio

Se quer que eu lhe esqueça

Se quer que eu lhe esqueça
Faça bem feito
Machuque
Magoe
Fira
Humilhe
Maltrate
Despreze
Se ausente
Se afaste

Se quer que eu lhe esqueça
Faça bem feito
Demoro a esquecer quem me fez bem
Um dia me abuso
Parto sem dizer adeus
Sem deixar rastro
Depois volto. Apareço
A raiva passa
O abuso eu esqueço
Só não quero esquecer
As coisas boas que você me fez

Pássaro raro

Abri a janela para apreciar o pássaro feliz
O cantador de emoções
Chamei o pássaro
Ele me escutou
Veio cantar para mim
Me encantou

Não sei se abri a janela demais
Não sei se fechei a janela antes do tempo
O pássaro nunca mais cantou

E foi assim que um dia te fiz meu
Cantei chamando o pássaro negro
Espécie rara
Em extinção
Mas na distância
O canto não se fez ouvir

O só eu já conheço

Já amei e fui amada
Já conquistei e fui conquistada
Já quis e não me quiseram
Já me quiseram e eu não quis

Já escrevi sobre amor
Já escrevi sobre a falta de amor
Sobre a dor
A inquietação

Mas agora me faltam palavras
Para falar do amor
Tem um sentimento me rondando
Assustada me escondo
Não quero magoar, nem confundir
Só quero ficar só
Pois o só eu já conheço



Mudança de tempo

Um dia acordou
Sentiu-se pintada de sol e chuva
Metade alegre, metade triste
O dia tagarelava em seus ouvidos
Anoitecia
Era metade sol e metade lua

No outro dia acordou
Toda alegre e toda triste
Não entendia esses fenômenos da natureza dentro do peito
Duas em uma
Estava sol e se sentia nublada
Sujeita a pancada de chuvas a qualquer momento
Trovoadas dentro do peito
Relampejava pensamentos
Os pássaros cantavam