22 de junho de 2010

Silêncio ofertado

Peguei o silêncio
Passei na pele
Feito uma argila medicinal

Deixei penetrar nos poros
Para sentir o verdadeiro efeito
Esperei o milagre

O silêncio ressecou aos poucos
As lágrimas, os olhos, a boca
Uma só palavra não saia da alma

Esse silêncio ofertado
Não era medicinal
Não trazia o entendimento
Nem curava a saudade

17 de junho de 2010

Procura-se

Um indivíduo que atende pelo nome de ciúme
Armou-se da desconfiança
Apunhalou o amor

O amor não morreu
Ficou agonizando na tristeza e na dor
Tentou recuperar-se com doses de carinho e ternura
Até que o ciúme voltou
E com toda a ira da insegurança
Pisoteou o amor que tentava se curar
Lágrimas escorreram
O amor não sobreviveu
Faleceu no leito do silêncio

Se quer que eu lhe esqueça

Se quer que eu lhe esqueça
Faça bem feito
Machuque
Magoe
Fira
Humilhe
Maltrate
Despreze
Se ausente
Se afaste

Se quer que eu lhe esqueça
Faça bem feito
Demoro a esquecer quem me fez bem
Um dia me abuso
Parto sem dizer adeus
Sem deixar rastro
Depois volto. Apareço
A raiva passa
O abuso eu esqueço
Só não quero esquecer
As coisas boas que você me fez

Pássaro raro

Abri a janela para apreciar o pássaro feliz
O cantador de emoções
Chamei o pássaro
Ele me escutou
Veio cantar para mim
Me encantou

Não sei se abri a janela demais
Não sei se fechei a janela antes do tempo
O pássaro nunca mais cantou

E foi assim que um dia te fiz meu
Cantei chamando o pássaro negro
Espécie rara
Em extinção
Mas na distância
O canto não se fez ouvir

O só eu já conheço

Já amei e fui amada
Já conquistei e fui conquistada
Já quis e não me quiseram
Já me quiseram e eu não quis

Já escrevi sobre amor
Já escrevi sobre a falta de amor
Sobre a dor
A inquietação

Mas agora me faltam palavras
Para falar do amor
Tem um sentimento me rondando
Assustada me escondo
Não quero magoar, nem confundir
Só quero ficar só
Pois o só eu já conheço



Mudança de tempo

Um dia acordou
Sentiu-se pintada de sol e chuva
Metade alegre, metade triste
O dia tagarelava em seus ouvidos
Anoitecia
Era metade sol e metade lua

No outro dia acordou
Toda alegre e toda triste
Não entendia esses fenômenos da natureza dentro do peito
Duas em uma
Estava sol e se sentia nublada
Sujeita a pancada de chuvas a qualquer momento
Trovoadas dentro do peito
Relampejava pensamentos
Os pássaros cantavam

Não quero ver o sol nascer quadrado

Não, não posso me permitir ver o sol nascer quadrado
E se pôr choco

Não, não me admito me ver aprisionada
Cantando numa gaiola
Num dia ensolarado

Não, não serei eu se sufocar
Às minhas ideias
Se tiver que ficar anônima
Ou ser outra
Cantando melodias desafinadas
Pensando em afinar sentimentos

Não!!!
Esse é meu grito
Se tentarem cortar as minhas asas

Sim!!!Sim!!!Sim!!!
Essa será a minha cantoria
Vou pular dessa gaiola
Para pintar o meu céu
Colorir o meu sol
Grafitar as paredes do meu coração
Com emoção, com emoção

Se tentarem podar as minhas asas
Vou sentar nas nuvens
E sobrevoar o mundo.....adeus!

Me deixe sonhar

Tire de mim
Meus medos e receios
Tire de mim
As minhas inseguranças
Mas não corte as minhas asas
Preciso voar
Pegar o ar e pintar os meus anseios
Preciso das lágrimas de emoção
Para regar meus sentimentos
Não me tire
Mas do que o necessário
Para o meu crescimento
Posso definhar
Se podar as asas da imaginação
Aprisionar as fantasias e o poder de sonhar
Vou perder as folhas verdes da esperança
Secar as penas do sentir
Sufocar o carinho
E morrer....

Você, meu poema

Acordei pensando em você
Das palavras que no passado me faltaram
Hoje sobra desejo

Só estou a escrever
Não por ter palavras nem rima
Mas por vontade de fazer amor

Todo dia penso em você
Nem todo dia quero fazer amor
Nem sei o que escrever para você

Me deu vontade de escrever
Um poema de amor no seu corpo
Mas do jeito que sei escrever
Sem rima, só com o ímpeto
Com as palavras caindo da ponta da língua
Com erros de português
Onde preciso apagar e reescrever

Me deu vontade de escrever
Um poema de amor
Você seria o borrão das minhas tentativas
Seria as teclas que digito quando passo a limpo
Por onde meus dedos deslizam
Seria a tela que observo
Enquanto espero as idéias aparecerem

Me deu vontade de desenhar
Um poema de amor em você
Desenhos flores no borrão
No teu corpo desenharia rosas
Com caules que crescem
Da ponta do teu pé
Ao fio do cabelo
Subindo pelo pescoço
Passando por trás das orelhas
Raízes que se aprofundam
Pétalas espalhadas por todo corpo
Minhas unhas seriam os espinhos
Para em tuas costas cravar
Depois percorreria o teu corpo com meu nariz
Procurando sentir o cheiro da rosa que desenhei

No borrão também rabisco
Faço caminhos sem fim
Com meus dedos
Faria caminhos sem fim
Percorrendo todo o teu corpo
Buscando as palavras que não vieram
A inspiração que o seu corpo detém

Sem medo de amar

Será que amar é feito andar de bicicleta?
Será que nunca esquecemos?
Talvez dê medo
Gere ansiedade
Leve uns tombos

Mas a vontade de sentir a alegria de pedalar
Sentir o frio na barriga
O calor no coração
As pernas bambas
A vontade de caminhar
Desbravar novos horizontes
O coração batendo mais rápido
O rosto ficar corado
As mãos suadas
Sendo assim
Tudo isso compense
Os receios, os medos
A insegurança

Chega o momento de deixar a bicicleta
Descer a ladeira
Sem segurar os freios
Soltando as mãos do guidão
Fechar os olhos
Deixar tocar-se pela brisa
Sentir
Sorrir



A poesia mais longa

O poema mais longo
A poesia mais complexa
Que gostaria de escrever
Não teria muito a ser dito
Porque quem vive não tem muito tempo
Para escrever

Queria apenas dizer:
Estou vivendo o amor
Estou amando

Mas esse dia ainda não chegou
Fico escrevendo coisas sem sentindo
Sobre sentimentos sonhados
Momentos não vividos

Fico confabulando comigo
Lendo poemas que falam do amor
Vivem? Amam?
Querem ser amados?
Ou são iguais a mim
Olhando o céu
Namorando a lua
Conversando com as estrelas
Com as mãos vazias
Um oco na boca do estômago
Estômago tem boca?
Ou é coisa de poeta sem amor?

Ah, queria não ter tempo para escrever
Queria não ter tempo de pensar no amor
Que me faltassem palavras
Não importa
Queria mesmo que me faltasse o fôlego
Tivesse afogada em gozos
Arrepiada de emoção
Nos braços do meu amor

O meu grande poema
Seria então
Estou vivendo o amor
Estou amando
Sem tempo para escrever

No aguardo

A porta está sempre aberta
O coração também
Já criei caminhos
Já construi pontes
Já me lancei na rede
Já tentei pescar

Só eu não recebo a tua visita

Pensei que na estrada que seguia
Flores deixava para perfumar tua caminhada
Sentei no batente da porta
E te esperei
Fico olhando da janela
Aguardando a tua luz

Só eu não recebo a tua visita

Visitas os vizinhos
Entra e sai
Deixa abraços e beijos
Bebe em goles pequenos cada palavra
Aspira cada frase
Deixa o teu coração por onde andas

Só eu não recebo a tua visita

Já pensei em desistir
Já recuei
Já te abracei escondido
Já beijei ua a emoção
Falei teu nome suavemente
Mergulhei no lago azul de lágrimas ao te ler

Só eu não recebo a tua visita

Me sinto pequena
Diante da tua grandeza
Me agiganto
Na tua ausência
Crio forças para ti esperar
Escrevo de rompante
Enquanto não vens

Só eu não recebo a tua visita

Fico triste
Quando te vejo passeando
Entrando em todos os corações
No meu já estas dentro

Apenas aguardo a tua visita

15 de junho de 2010

O norte e o rumo

É no meu caminho úmido que você deve se achar
É a minha gruta que você deve explorar
A minha escuridão lhe dará luz
A minha quentura fará você arder
O meu pulsar lhe deixará a gemer
Sou o norte
Que o ponteiro da sua bússola procura
Sou o rumo
Que vai lhe tirar do prumo

Sonho bom

Vinte minutos
O cochilo valendo uma noite de sono
Entraste no pensamento
Com tua torre imaginária
Teus castelos de sonhos

O tinto vinho do teu sangue a me embriagar
O teu olhar...
Ah, o teu olhar minucioso
Delicado, que desnuda, imagina, me toca

Precisamos ficar em silêncio
Assim nos falamos
Distantes, mas próximos
Falando linguagens do silêncio
Do corpo, da alma

Vinte minutos de sono dormido,pensamentos acordados
Pensamentos outrora adormecidos
Ficaram vivos, criaram formas, cores e cheiros, me despertaram
Pensamentos sonolentos que retornaram
Dançando, bailando, reavivando sentimentos

Vinte minutos....uma eternidade
Que me fez seguir acordada, sonhando

Voltei correndo

Voltei correndo
Da noite apática
Sem brilho
Sem encanto

Voltei correndo
Para ouvir
Falar
Conversar

Voltei correndo
Para dizer que só você me importava nessa noite
Não adiantava música, luzes
Preces, gente bonita
Estrela e lua

Voltei correndo
Para falar de mim
Saber de você
Falar desse sentimento bonito
Nos conhecer

Voltei correndo
Para a noite ficar bonita
Interessante
Menos apática
Com mais brilho
Com a alma mais leve
A noite ou eu?

Voltei correndo e sorrindo
Para nos encontrarmos
Ficar bem comigo
Transformar a noite
Transformar a mim
Para estar com você

Sou....

Sou sonho e realidade
Lágrimas e sorrisos
Preto e branco

Sou incongruente
Agente de mim mesma
Poderosamente frágil

Sou o sim e o não
A fortaleza em ruínas
A mente em ebulição

Não sei o que espero
Se espero
Vou embalada na inquietação

Sou escuta de muitas vozes
A eterna guardiã
Do meu forte ser

Sou a certeza da conquista
O vão do querer
O sonho com o pé no chão
O olhar atento
Sou razão



Sonho contigo

Durmo pensando que você está aqui
Ma acariciando, me observando
Velando o meu sono

Levanto, escrevo
Você está em mim
Seu cheiro que nunca senti
Suas mãos que nunca me tocaram
Seu olhar firme, penetrante que nunca me olhou

Você está em mim
Tão forte, tão presente
Que acordo para lhe sentir
Onde, dormindo ou acordada sonho contigo



O que sinto por você

Não vou dizer que é grande
Não! Não tenho essa pretensão
Medir um sentimento
Nem vou dizer que não cabe no peito
Porque é lá que ele germinou e cresceu
Também não vou dizer que ele é pequeno
Porque ele sai de mim e chega até você

Não vou dizer que entendo
Porque não quis entender
Quis sentir

Não vou dizer que não tive medo
Tive. Mas para que medo?
Se ele não vai deixar de existir
Só porque tive medo

Não vou prometer vivê-lo
Nem a mim, nem a você
Já esperei viver outros amores
E nem por isso vivi

Muita gente diz que não entende o amor
Nem eu entendo e nem quero mais entender
Porque eu também não entendo carinho
Nem cumplicidade
Então eu decidi sentir e expressar
Aos pouquinhos
Todos os dias

O arco-íris

Crio arco-íris para me levar até você
Uma ponte colorida do real para o imaginário
Desço na minha cor preferida
Para chegar mais rápido
Tocar o tesouro escondido

Meu arco-íris tem enfeitado
A íris dos meus olhos
Que ficam vendo estrelas coloridas
Quando te encontram
Mesmo distante

Na praia

Noite estrelada
Lua cheia
Uma praia deserta
Os pés tocam a areia
A água beija os pés
Caminhar tranqüilo
Mãos que se acariciam
Me puxa, abraça
O abraço esperado
Apertado
O beijo carinhoso
Passando para o desejo
Rolando na areia da praia
Carinho
Caricias
Vontades
Fantasias
O céu por testemunha
Momento sublime do amor
As estrelas tocam em sintonia
Aplaudem nossa noite de amor

Um dia quem sabe......

Não prometo

Não prometo nada a ninguém
Quando se trata de me dar
De me prometer

Porque sou feita de porções
Carne, sangue, emoção
Corpo que pulsa
Coração que lateja
Alma que voa

Sou feita de uma matéria desconhecida
Nem eu me conheço
Não tente me entender
Razão e emoção brigam eternamente
Mas quando a emoção me inunda e transborda
Me dou, me entrego
Sem prometer, nem pedir nada em troca

Vivo o certo, vivo o errado
Mas o errado vira o certo
E só os momentos vividos
Ultrapassando os meus limites
Assustando a razão
Foram os melhores vividos
As lembranças que estão vivas

Não prometo nada
Prque é o cheiro que exala de mim
Junto com as mãos que ficam buliçosas
E a água na boca
Que define o quanto de mim terás
Nem eu sei

Meu jardim

Planto flores no meu jardim
Flores coloridas, perfumadas
Pétalas de todas as formas
Sem espinhos
Espinhos tenho dentro de mim

Faço crescer raízes para mesmo murchando as flores
Não morra tão fácil o amor dentro de mim

Planto flores em meu jardim
Quando os olhos murcharem e se despetalar o meu senti
Terei o perfume do que passou
Estarei preparada para acolher os pássaros
As borboletas, o sol e voltar a sorrir

Planto flores em meu jardim

Saboreio nuvens

Pôr do sol pertinho do céu
Pinta as brancas nuvens
De tons laranjas, sabor mimo

Me movo parada
Nuvens passam
Pôr do sol tranqüilo
Raios em minha alma

Tintas pintam
Céu, nuvens brancas, meus olhos
Pôr do sol em mim

Saboreio nuvens
Laranjas, vermelhas
Sabor algodão doce



Na palma da mão

Tenho na palma da mão
A vontade de te tocar

Acalantar os teus sonhos
Tocar os teus anseios
Dedilhar teus desejos

Tenho na palma da mão
A vontade de me dar


Nos dedos e nas mãos
Estão vivos os sonhos que sonhei
Os desejos que desejei
Pulsam com a vida de um corpo
E a imaginação da mente

Tenho na palma da mão
O aconchego que te cabe

Magnetismo

Um magnetismo
Uma energia
Um pulsar
Palavras

Uma poesia
Um sonho
Um som
Uma magia

Fios invisíveis do sentir
Um elo
O imaginário
A fantasia

Eu, você
A madrugada
O vazio
Suas poesias

Um procurar
Um encontrar
A mim
A ti (nunca, talvez, quem sabe)
A ilusão



Rodopios da imaginação

Imaginar não me custa nada
Me solta de mim
Vou galopando o vento
Chego nas raízes do teu cabelo
Bem perto do pescoço
Aspiro o teu cheiro
Te arrepiando

Imaginar só me custa
Delinear a tua imagem
Em minha memória
Tocar-te do meu jeito
Com a tua permissão
Ousada e cheia de vontades

Uma permissão que vem
Junto com o olhar, com a respiração
Com teu corpo se embalando no meu

São tantos rodopios da imaginação
Chego tonta em teus braços
Beijo-te de leve, e de leve, e de leve....

Ah, imaginação de poderes mágicos
De toques cúmplices
De mente que se permite viajar
Fantasiar e se tocar

Asas para cantar

Voo o meu voo
Nenhuma gaiola há de me prender
Nem pintada com tinta lavável
Nem com portas abertas

Se é gaiola não cabe em mim
Nem eu nela
Não me prende

Se criei asas foram para voar
Se as asas foram pintadas
É para eu poder cantar

A gaiola não pode me prender
O mundo ainda é pequeno para eu voar
Minhas asas não foram pintadas com tinta lavável
Elas não vão se apagar
Nem com chuva
Nem com lágrimas

Abra a palma da sua mão
Me chame para cantar
Se me deixar livre para voar
Voltarei sempre
Para lhe amar

Fonte do sentir

Não acendeu a fonte
As luzes não piscaram
Observo tudo do escuro
Só a luz dos meus olhos faíscam

Aguardo o ressurgir da fonte
Para o meu poço voltar a brilhar
Jorrar emoções do sentir

Esse teu olhar

Teu olhar é dengoso
Vai me deitando carinho
Se enroscando nas pernas do imaginário
Cheio de manha
Me pega, embala, fecunda

Te olho com apreço
Desdobro teus sonhos
Percorro tua sensualidade

Desfaço as nuvens do preconceito
Cheiro cada sono adormecido
Tiro a pele que me cobre
Te visto com a minha alma nua

Garsa elegante

Observo de longe
Com medo de assustar
Tento me aproximar, chegando de mansinho
Olho, sinto emoção
Recuo, na tentativa de manter você comigo

És serena, és bela
Charmosa, elegante
Observo mais
Sinto a brisa do mar nos tocar
Acompanho teus passos
Admiro demais!

Tens cuidado ao caminhar
Pisas com carinho e leveza
Abristes um pouco as asas
Me acolhestes com carinho

Estamos próximas
Sinto você se preparando para voar
Se libertando do sal que pesava nas asas
E da neblina que embaçava os olhos

É fascinante observar
A desenvoltura de cada voo
As asas abertas no ar
Voando sobre o mar, sem agitação

Quando voar
Não sei se dará tempo de clicar o momento
Não sei se voaremos juntas
Tenho receios de ficar triste
Mas farei tudo para apreciar o teu voo
E ficar feliz por você



A beleza da planta

Oh, planta, que planta em mim tuas raízes
És bela, sensível
Te olho
No íntimo és tu quem me observas
Não sei o teu nome
Não sinto o teu cheiro
És de uma espécie especial
Nasceste assim na rocha, entre a fresta do meu olhar
Brotando carinho
Cresces em mim

14 de junho de 2010

Quero ser...

Poetas dedilham ...
Fornecem sons e rimas as palavras
Dão cor, luz, textura
Tocam em cada palavra formando frases
Que sorriem e choram
Gritam, gemem, se contorcem

Poetas sonham...
Imaginam, sentem
Transformam palavras
Percorrem frases em beijos
Acariciam estrofes

Poetas amam...
Palavras e frases
Criam com o poder dos Deuses
Um toque de perfume
Néctar da essência do ser

Poetas tocam...
Acariciam
Deitam-se com as palavras
Fecundam
Parem

Poetas cheiram...
Pontos, vírgulas, exclamações
Sussurram nas entrelinhas sentimentos
Encontram rima
Cavalgam cadências
Acelera e desacelera o ritmo

Poetam emocionam....
Beijam almas
Dão luz a poemas

Quero ser um poema

Preciso que volte

Preciso que você volte
A cantar seu canto
A bater suas asas em minhas pupilas
Iluminando meus dias

Estou só
Começo a me perder
A sua ausência é sempre prolongada
E dentro de mim se torna imensa

Não demores
Estou começando a perder as forças
A espera me deixa exausta

Me leva

Chega de mansinho
Chama
Eu vou
Me coloca num cantinho
Bem juntinho
E me leva

Mostra tudo
Tudinho
Conversa comigo
Conta as novidades
Mostra cada lugar
Todas as belezas

Pega minhas mãos com carinho
Me conduz
Leva mais adiante
Com o olhar maroto
Sorriso no canto dos lábios
Me abraça

Mostra tudo
As belezas
Todos os cantos e encantos
A magia
Me faz sonhar
Sorrir, delirar
Aponta a lua
O céu, o mar
Me deixa vendo estrelas
Sentindo o cheiro
O toque....do ar
Me faz suspirar

Passeia por entre ruelas
Ruas de paralelepípedos
Becos e esquinas
Por todos os caminhos

Me leva
Me mostra
Me diz eu gosto de...
Eu acho bonito...
Eu desejo....

Corre
Com tuas mãos nas minhas
Faz o coração acelerar
Ficar sem fôlego
Sentir o sangue correr nas veias

Me leva com você
Nessa viagem
Bem juntinho
Vamos juntos
No pensamento

Me mostra tudo
Olha nos meus olhos
Sorrindo
Diz baixinho
Tudo o que eu quero ouvir
Grita no silêncio
Gosto de ....estar aqui
Isso é uma maravilha
É tudo.....Paraty



Calor da madrugada

A madrugada
As fantasia
A magia

Os sonho
Os corpos
Os toques

O grito
O silêncio
O êxtase

O segredo
O anonimato
O espanto

O passado
O presente
O mistério

O receio
O recuo
O entregar-se

O dito
O não dito
O sentido

O gancho
Do vai e vem
A emoção

A provocação
A sedução
A música

A criança
A mulher 
A brincadeira

O fogo cruzado
O engolir fogo
O corpo em chamas

O olhar
O pegar sem mãos
O beijar sem lábios

O amanhecer
O cheiro do corpo
Mais uma olhada

........o desejo que não quer calar.



Olho a lua

Olho a lua....acho bela
Está linda
Muito linda
Fotografo
Mas me falta emoção

Olho a lua....mas não penso em ninguém
Ninguém mandou recado pela lua
A lua não me disse nada
Está muda
Não me passa emoção

Olho a lua....nem pergunto nada
Também não quero respostas
Nem sequer uma lágrima
Escorre da lua
Nem um brilho diferente do que vejo sempre
Onde está a emoção?

Olho a lua.....ela continua lá
Linda, luminosa
Subindo, subindo
Parecendo um balão em noite de São João
Não escuto nenhum estampido dentro do meu peito
Nenhuma emoção

Olho a lua....
Hoje é sexta-feira quinze
Não é sexta-feira treze
Não espero nada
A lua não me trouxe nada
Nemm inspiração
Nem emoção

Entregar-me

Acordar embalada em teus braços
Sentir tuas mãos aveludadas acariciarem minhas costas
Ouvir tua voz sussurrando aos meus ouvidos
Fique mais um pouco

Querer ficar eternamente
Sentindo os teus braços enlaçados a mim
O teu corpo macio a me querer
Sentir o teu cheiro, que não é teu é meu e teu

Ouvir o eco me dizendo, suavemente
Fique mais um pouco, fique mais um pouco
Respirar profundo
Entregar-me

O beijo que guardei

Guardei um beijo para você
Vários beijos
De todos os tipos

A validade não expirou
Ele não era perecível
Não se estragou

Guardei por tanto tempo
Nem vou dizer
O tanto de meses, dias, horas, minutos, segundos
Suspiros, lágrimas, palavras em poemas
Noites mal dormidas
Amanhecer de tesão

Guardei com muito carinho
Desejos
Esperanças
Sonhos
Fantasias

Guardei por muitas luas
Vários dias amanhecendo
Lindas tardes ao pôr do sol
Flores se abrindo

O beijo que guardei
Dei a quem tanto queria
Vivia a pedir um beijo
Sonhava com os lábios meus
Nos lábios dele

Enquanto dava o beijo
Que não era meu
Era seu
Que eu guardei
Os olhos choravam
Pensando na sua boca que nunca beijei

O tempo vai passar

Para não me expor
Não vou falar do tempo
Nem de mim

Vou deixar o tempo
Rodopiar no vento
Cair no esquecimento

De tudo que escrevi
Das emoções que senti
Mas não vivi
Não vou expor

Não!
Hoje não
Vou deixar o tempo passar
Amanhã será um novo momento

Quando o cata-vento rodar
É sinal de novos ventos
De um novo tempo

Só quando ele girar
Falarei do momento que passou
Dos sonhos sonhados
Das lágrimas choradas
Que o tempo levou
Da marca que ficou

Ao soprar novos ventos
Contarei as novidades
Desse novo tempo

Sol do meu dia

O sol me acorda
Ilumina a minha alma
Os olhos brilham
Ilumina o meu dia

O sol bate no meu coração
Descongela medos e receios
Aquece o carinho
Faz brotar mais e mais a admiração
O amor
A esperança

O sol deita-se comigo
Acarinha o meu corpo
Ilumina a minha noite
Clareia os meus pensamentos
Você, sol, me acompanha.



Não sei o que fazer

Você procura
Eu procuro
Procuramos a mesma coisa
Mas não nos encontramos

Na realidade tenho medo
Que o que procuro
Esteja em você
E o que você procura
Esteja em mim

Tenho muito medo
Da pessoa ser você
Passamos tanto tempo procurando
Receio
Que mesmo achando
A gente possa se perder

Passamos tanto tempo procurando
Que esquecemos de viver
Ou quem sabe
Nem procuramos
Ficamos esperando acontecer

Nos fechamos num mundo confortável
Com medo de sofrer
Deixamos de aprender
Deixamos de viver

E agora?
Se quem eu procuro for você
Não sei o que fazer

Um poema de amor que não pode ser escrito

Poderia escrever um poema de amor
Com todas as palavras que conheço
Até a palavra ternura
Ela muito me encantou

Mas não posso escrever
Para você
Um poema de amor

Para dedicar um poema de amor
Para você que é tão sensível
Teria que sentir o amor
Vindo das entranhas do meu ser
Consumindo a minha carne
Devorando a minha alma
Só assim
Escreveria um poema de amor

Mas não é só por não sentir o amor
Que não posso escrever um poema de amor para você
É porque nada que eu diga
Faria você sentir o amor
Que deseja sentir

Aquele amor que faria
Você ficar tonto feito o pião
Nas brincadeiras infantis

Ou rodopiando
Feito o bambolê nas cinturas das meninas

Mesmo que pintasse meus olhos de verde
Para você pensar que era o mar
E mergulhar

Ou pintasse de azul
Para sonhar que era o céu
E voar

Mesmo que em vez de um poema
Fizesse uma serenata

Ou transformasse meu coração em uma aquarela
Para com as tintas colorir seu mundo

Nada tocaria a sua alma
Ou abriria seu coração

Nós dois queremos amar
Um amor que idealizamos
Mas por medo de amar
Nos trancamos
Só fazemos sonhar
E escrever poemas de amor

Nada que eu dissesse
Iria lhe encantar
Seu coração teve uma inquilina
Destruiu a esperança
E o sonho de voltar a amar.



Segue

Segue
Segue firme o teu caminho
Buscando em ti a transformação
Uma nova vida, um novo caminhar
Em busca dos teus sonhos realizar

Segue
Sem baixar a tua vista
Sem se abater diante dos obstáculos
Esse caminhar te ajuda
A viver a vida feliz

Segue
Firme os teus propósitos
Não desista nunca de você
Apenas segue os teus sonhos
O teu realizar
Deus está contigo e te fala
Ele te ampara
Sem você perceber
Ele te mostra
Sempre um novo caminho
Segue

Se queres beber

Se queres beber
Faça de mim
Seu bar predileto
A mesa para apoiar as mãos
O guardanapo para o seu escrever
Dos meus suspiros sua inspiração
Dos meus gemidos a sua criação
Faça de mim o seu poema
Escreva e reescreva
Burile em busca da ressonância do sentir

Se queres beber
Faça do meu corpo o seu copo
Beba de mim o seu momento sublime
Embriague-se com os meus desejos
Faça das minhas fantasias o seu momento de tontura
Sinta-se trôpego a caminhar pelos meus caminhos
Sem acertar os passos
Me ajudando no compasso
No compasso do meu sentir com o seu
Perca-se em mim
Para nos acharmos

Se queres beber
Beba-me
Até a última gota

Palavras me fogem

Na hora de escrever um poema de amor
Faltam-me rimas
Palavras que combinem
Falta luz no coração
As palavras me fogem

Poderia escrever um poema de amor
Pegar palavras soltas que rondam o meu corpo
Mas elas não combinam com o sentir
Para não confundir

Tenho receios de falar de amor
Tenho tentado enrolar a mim
As palavras que me chegam
Embrulho em lágrimas
Os dedos se enroscam
Para não deixar sair
Palavras que ainda restam em mim

O sentir?
Esse não sei mais definir
Não sei de mim
Não sei de ti
Não sei dos amores antigos
Dos novos também não sei
Será melhor assim

Sem poemas de amor
Sem amor
Sem.....



Acordo

Acordo
Permaneço de olhos fechados
Para continuar sentindo a tua presença
Presença de toda madrugada
Que junto passamos

Nos teus braços me acalentou
No teu peito me deitou
Sinto cada momento vivido
Escuto as músicas que para mim tocou
As palavras bonitas de amor
O carinho que a madrugada nos embalou

Acordo
Permaneço de olhos fechados
Respiro profundo para sentir a tua presença
Posso sentir
Que ainda estamos juntos
Fecho os olhos
Para não deixar você partir
Para não ficar sem teus abraços
Sem lhe sentir
Para você ficar aqui
Acordo nos teus braços

Acordo
Ainda chove
Escuto a chuva
A mesma chuva
Que me deixou sem ver o dia amanhecer
Mas por estar contigo
Vi estrelas no alvorecer

Chovia
Temperatura fria
Mas o meu corpo
Embalado na fantasia
E no desejo de te ter
Aquecia o dia que chovia
Que teimava em amanhecer

Acordo
Para um novo dia
Abro os olhos
Esperando você aparecer

A difícil partida

Vejo chegar a hora da partida
Quero que vá
Arrumo a sua mala
Coloco nela meu desencanto
Minhas vontades
Meus sonhos
Meus desejos

Escuto o apito do trem
Sinto você partindo
Aceno
Digo adeus a você, à mala
Digo adeus ao trem que leva o meu tormento
Só para ter certeza que partiu, dou adeus
Aceno com nostalgia, saudade e alívio

Ao me virar na estação rumo à vida
Vejo você acenando para mim
De dentro de mim
Apitando igual ao trem

A chama que chama

Grita
O grito contido
Silencioso
Ardente, fogoso, gostoso

Chama
A chama que queima
Incendeia

Desperta
O corpo adormecido
Que em tuas mãos quer acordar

Acalma
A calma que já não mais existe

Com tua língua
Apaga o fogo
Que devasta cada parte
Deste corpo
Que não é mais meu
É teu

Acalma
O desejo
Com tuas mãos
Com tudo que é teu

Cala o grito
Com a tua boca ardente
Que queima todo meu corpo

Pensamentos soprados pelo vento

A paisagem continua linda
O mar continua com os mesmos movimentos
As ondas me tocam, me deixam pensativa
Me banham e me deixam molhada
O mar tão belo vai e vem
Me enche de sussuros e desejos
A ponta da língua tocando o salgado da espuma
O teu suor em pensamento
Os sargaços se enroscam nos meus pés
Ansiosos de andar nesse areal de sentimentos
Os teus cabelos entre meus dedos
As minhas mãos em tua nuca molhada de suor e mar
É o que o vento sopra em meus pensamentos

A melodia que encanta

Nesse caminhar
De músicas
Sorrisos
Desejos
Medos e receios

Mato os fantasmas que ressurgem
Busco no diálogo
Conhecer a mim
Conhecer você
Nos conhecermos

Os sentimentos que encantaram meus olhos
Me fazem pensar
A melodia suave que toca meu coração
Me faz querer conhecer
A música que toca em todo o corpo
Me move na vida
Faz a mulher que tem em mim desejar
Viver a vida
Contorcendo-se nos sentimentos

Acredito que o som que encanta a minha alma
Me faz sonhar
E embala o corpo
Será o mesmo som que me levará



Alma estendida

Alma lavada e torcida

Agora estendida

Lágrimas escorridas

Seca ao vento

Trazido da brisa do mar

Vindo pela colina

Com cheiro de maresia



Alma de poeta

Um dia alguém me disse que tenho alma de poeta
Não sei o que é isso
Penso que deve ser essa alma inquieta. Desmedida.
Essa alma saltitante.
Alma que faz o claro ser escuro e o escuro ficar claro
Alma que chora por tudo e se alegra do nada.
Alma que rodopia. Dança
Alma que não me deixa quieta.
Não descansa.
Uma alma criança.
Que de tão madura é enrugada.
Travada. Abusada. Enferrujada
Alma que durante o dia consegue ver a lua.
E vendo a lua pensa ser o pôr-do-sol.
Quando ver o dia amanhecer se emociona
Pensa que é poeta, e quer escrever
Alma que não me deixa viver um momento por vez
Está sempre em busca de algo
Só para viver a vida com alma de poeta
Pensando ser poeta pensa que pode ler a vida
E transformar a vida numa bela poesia

Para a música

Tudo ia muito bem
Até começar a tocar músicas românticas
Sem meu consentimento
A mão direita começou a procurar sua mão esquerda
A mão esquerda desejou acariciar a sua nuca
As minhas costas aguardavam sua mão direita quente e macia
O lado direito da minha face queria a sua face esquerda
O meu peito queria sentir as batidas do seu coração
A minha respiração queria ficar ofegante junto com a sua
O meu umbigo queria olhar o seu
As minhas coxas ansiavam roçar as suas
A minha alma gostaria de dançar embalada a sua
Os pés começaram a protestar
Não quiseram mais dançar
A música romântica fez meus pés entristecerem

Enlaça-me

Com seu sorriso encantador
Com o olhar atento
Com a voz com gosto de ternura
Com os braços que cabem meu amor
Com a boca que suga os meus desejos
Com o corpo que me quer
Com o entendimento de mim
Enlaça-me a ti

13 de junho de 2010

Sinto muito carinho

Sinto muito carinho
Mas muito tem horas que é ruim
Muito atrapalha as ideias
Confunde a emoção
Embaralha a relação

Sinto muito carinho
Mas muito é excesso
Transborda e afoga
A mim e a você

Sinto muito carinho
Preciso destilar o excesso
O muito que transborda de mim

Sinto muito carinho
Mas vou te dar apenas
A parte que lhe cabe